Capítulo 20
No escritório, um silêncio estranho pairou após a declaração do professor, especialmente entre João e Igor.
Ana ouviu as palavras do professor e sentiu seu coração dar um salto. Desde o primeiro momento em que viu João, ela notou uma grande semelhança dele com seu filho. Ela tinha suas dúvidas, mas preferia não explorar esse pensamento.
Com um sorriso, ela quebrou o pesado silêncio:
– Professor, acredito que o que aconteceu foi apenas um mal-entendido entre os colegas. Vamos evitar que isso se torne um grande problema.
–
Professor estava acostumado com brigas entre crianças:
Chamei vocês, pais, aqui apenas para esclarecer a situação. Seria ótimo se pudermos resolver tudo de forma pacífica.
Ele olhou seriamente para Luis e disse:
Agora que o pai do Estrelinha está aqui, você não pode mais dizer que ele não tem pai, entendeu?
Luis ainda estava um pouco contrariado, mas baixou a cabeça e respondeu em voz baixa:
Entendi.
– Então, peçam desculpas um ao outro e sejam bons colegas dali para frente. – disse o professor.
Para surpresa de todos, Igor respondeu imediatamente:
Eu não vou perdoá-lo por ter dito aquelas coisas, e não aceito suas desculpas. Mas eu também não fui certo, então vamos considerar isso como um acerto de contas.
Seu significado era claro: ele não aceitaria desculpas nem as ofereceria.
Luis não concordou:
– Ter um pai não faz de você alguém especial. Quem é que não tem pai?
Depois de dizer isso, Igor resmungou em resposta e virou a cabeça na direção oposta, recusando-se a olhar para Luis.
Os adultos ao redor não puderam deixar de rir diante do comportamento das duas crianças.
Em seguida, Ana levou seu filho de volta para casa.
João os acompanhou até o local onde estavam hospedados.
Por mera cortesia, Ana perguntou:
– Presidente João, gostaria de subir e tomar um copo de água?
Para surpresa de todos, ele realmente saiu do carro e os acompanhou até o apartamento.
Com o pé machucado, Ana tinha dificuldade em se mover, então João e Igor a ajudaram, um a segurando de cada lado. Ela sentiu uma sensação estranha em seu coração.
De volta ao apartamento, o espaço que antes não parecia tão apertado agora parecia um pouco opressivo com a presença imponente de João. Ana começou a se sentir um pouco constrangida por tê- lo convidado para o “ninho” deles. Será que estava sendo indelicada com ele, o grande presidente?
1/3
– Presidente João, por favor, sente-se um pouco no sofá. – convidou Ana. Em seguida, ela se virou para seu filho e disse. – Sirva um copo de água para o tio.
Igor não tinha muita simpatia por João antes, mas considerando o favor que ele havia feito a ele hoje, decidiu lhe servir um copo de água.
Mamãe, você fique sentada, eu vou lhe servir água. – ele era muito atencioso com sua mãe.
Ana viu que João aceitou se sentar sem expressar desagrado e suspirou aliviada.
O garotinho rapidamente trouxe dois copos d’água e colocou um na frente de João, dizendo:
– Tio, embora você tenha sido bem convencido antes, hoje você me ajudou, então eu agradeço a você. Podemos ser amigos a partir de agora.
Ele terminou de falar e bateu no ombro de João com seriedade, como se fosse um adulto.
Ao ouvir as palavras de seu filho, Ana quase cuspiu a água que estava bebendo.
João olhou para o garotinho com interesse, curvando levemente os lábios:
– Então, ser amigo seu requer certas condições?
Claro, nem todo mundo tem essa qualificação. Tio, você não acha que é uma grande honra? – o garotinho levantou o queixo com arrogância.
O sorriso nos lábios de João se alargou e o brilho de interesse em seus olhos aumentou:
– De fato… É uma grande honra.
Ele não pôde deixar de pensar como Ana conseguiu criar um filho tão interessante.
Ana sentiu-se nervosa, puxando rapidamente seu filho para perto dela:
– Deixe a mamãe ver se você está machucado em algum lugar.
– Não estou, mamãe, você não precisa se preocupar, o Luis não é meu adversário.
– Então, como você se machucou aqui? Suas roupas também estão rasgadas! – Ana apontou para o canto da boca, irritada.
O garotinho mostrou os dentes e se esquivou de sua mão:
– Foi apenas um acidente, ele me acertou sem querer.
– A partir de agora, você não pode mais brigar com seus colegas. Violência não resolve problemas, entendeu? – Ana sussurrou preocupada.
– Depende do assunto, algumas coisas ainda exigem ação para serem resolvidas.
Ana suspirou impotente e disse:
– Não fique me provocando, vá tomar um banho e trocar de roupa.
– Sim, senhora! – o pequeno respondeu obedientemente e foi tomar banho.
Na sala de estar, restaram apenas Ana e João. Quando ela virou a cabeça, percebeu que ele a estava encarando com seus olhos escuros e profundos.
– A propósito… Obrigada pelo que fez hoje.
– De nada, você também se machucou por minha causa, não foi? – ele disse em tom suave.
Ana baixou o olhar e pensou se era hora dele ir embora, Ele já havia se sentado e bebido água.
Não era que ela quisesse expulsá-lo, mas por algum motivo, a presença dele sempre a deixava desconfortável.
1
– E o pai da criança? – ele perguntou de repente.
Ana ficou surpresa, e sua mão, que estava ao lado do sofá, apertou involuntariamente. Ela não podia responder a essa pergunta.
– Lembro que no seu currículo está escrito que você não é casada, então isso significa que você ficou grávida antes de se casar? – João olhou para ela com os olhos semicerrados.
Ana respirou fundo antes de responder:
– Sim, eu era solteira e fiquei grávida, e o bebê não tem pai.
João ainda estava olhando diretamente para ela, sua fala sem pressa tinha um tom convincente:
– Como você pode ter um filho sem pai? – ele fez uma pausa, seu olhar se aguçou enquanto a encarava. –
Não é o Bruno?
Diante de suas palavras, Ana olhou para ele, suas sobrancelhas se enrugaram e ela imediatamente
negou:
– Claro que não!
Ela viu a suspeita em seus olhos quando se encontraram, ele pensou que Igor era filho de Bruno?