Capítulo 18
Naquela manhã, o pequeno incidente quase fez com que Ana se atrasasse. Assim que chegou à empresa, recebeu a informação de que o presidente queria vê-la.
João havia designado para ela o projeto da Montanha da Linguagem e provavelmente estava interessado no andamento de seu trabalho.
Ana adentrou o escritório do presidente e o encontrou sentado em sua imponente cadeira de couro, ocupado com documentos. Ele vestia um elegante terno sob medida, que realçava sua beleza e sofisticação.
– Presidente João. – aproximou-se Ana da mesa.
João olhou para ela, seus olhos escuros se estreitando ao perguntar:
O que aconteceu com o seu rosto? – indagou ele.
Ana ficou surpresa por um momento. Ela já havia aplicado a pomada, será que o inchaço ainda estava visível? A
Não querendo mencionar o encontro com tia Ana Luiza, pois João havia deixado claro que não queria se envolver nos problemas entre ela e Bruno, ela optou por uma mentira:
Acabei batendo acidentalmente ao sair de casa hoje.
João ficou pensativo por um instante. A mentira dela era óbvia, mas ele optou por não a desmascarar. Contar a verdade ou não, essa era uma escolha dela.
– Como está indo o projeto da Montanha da Linguagem? – perguntou ele.
Já revisei a apresentação do projeto. Hoje, planejo fazer uma visita ao canteiro de obras. – respondeu Ana.
– Ótimo. Eu também irei, vamos juntos. – disse ele, colocando a caneta de lado e levantando-se.
Ana ficou um pouco surpresa, mas rapidamente se recuperou e concordou:
– Está bem.
Em seguida, Ana e João deixaram a empresa e se dirigiram ao local do projeto Montanha da Linguagem.
Tratava-se de um complexo comercial que combinava hotel, entretenimento e compras. Ana era responsável pelo design de interiores do hotel.
Ao chegarem, foram recebidos pelo gerente da obra, que relatou o progresso da construção a João.
Ana permaneceu ao lado, ouvindo atentamente enquanto fazia anotações e observava o ambiente.
No meio da explicação do gerente, um trabalhador aproximou-se para relatar um problema, e João o instruiu a lidar com aquilo primeiro.
Logo, Ana e João seguiram para o prédio de compras, que já estava concluído. No saguão do térreo, trabalhadores estavam ocupados instalando lustres.
Todos estavam concentrados em suas tarefas e não notaram a presença deles. Nesse momento, o celular de João tocou e ele pediu a Ana para aguardar enquanto atendia a ligação em um canto.
Enquanto João conversava ao telefone, Ana, que já tinha uma boa compreensão da situação ali, começou a pensar em soluções de design.
Sem perceber, ela notou um lustre recém-instalado balançando perigosamente sobre a cabeça de João.
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Era extremamente perigoso! Por impulso, correu para empurrá-lo antes mesmo de conseguir dizer qualquer coisa!
– Cuidado! – exclamou ela.
Bum!
– Ah! – Ana soltou um grito de dor.
– Ana! – João a abraçou e viu que o pé dela estava machucado devido ao lustre que havia caldo, e estava sangrando.
Ao vê-la ferida por causa dele, seu coração apertou e ele foi tomado por uma frieza incomum.
– Quem mandou você vir? – ele franziu a testa e repreendeu em voz baixa.
Ana olhou para ele inocentemente:
– Se eu não vir, o lustre teria caído na sua cabeça.
Em seu coração, ela pensou: “Esse homem, eu o salvei e ainda é tão rude!”
Eu sou tão idiota? – o homem respondeu impaciente.
Nesse momento, o gerente havia terminado de resolver o problema e retornado, e outras pessoas também se aproximaram ao ouvir o barulho.
João encarou o gerente com um olhar frio:
– Quem é responsável pela instalação dessas luzes aqui?
O gerente ficou assustado com o olhar ameaçador dele:
– Isso… Vou verificar imediatamente.
– Demita essa pessoa para mim, e também quem é responsável por tudo aqui! – ele não precisava de pessoas incompetentes.
Todos ficaram chocados ao ouvirem suas palavras, e Ana franziu a testa, achando que ele estava sendo muito severo.
– Sim, Presidente João. o gerente baixou a cabeça, a testa já coberta de suor frio.
João não disse mais nada, pegou Ana nos braços e saiu com um rosto sombrio.
Ele a levou para o hospital mais próximo.
O médico cuidou do ferimento dela, e felizmente não era grave, mas se não fosse tratado adequadamente, poderia se infectar.
Agora, Ana estava sentada na cama do hospital, com o pé ferido envolto em bandagens brancas, parecendo um pouco engraçado.
O médico e as enfermeiras saíram, deixando apenas João e ela no quarto.
João a observava de cima com um olhar complexo. Ele não esperava que ela se arriscaria para salvá-lo. Será que ela não tinha medo de se machucar?
E se não fosse o pé dela que tivesse sido atingido, mas sim a cabeça…
Seu coração afundou, ele não ousou continuar pensando.
Ela se sentiu desconfortável com o modo como ele a encarava e passou a língua nos lábios secos:
– Bem… o ferimento não é grave, você não precisa…
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Capitulo 18
– Da próxima vez, não faça uma coisa tão estúpida. – Antes que ela pudesse terminar de falar, ele a interrompeu friamente.
Ela olhou para ele perplexa. Pensando que ele estava se sentindo culpado, ela estava prestes a dizer para ele não se preocupar, mas aí ele disse que o que ela fez foi estúpido?
Que falta de coração!
– Entendi, da próxima vez não vou mais ser tão altruísta. – afinal, ela o salvou e ele nem sequer disse obrigado!
João olhou para a expressão chateada dela prestes a dizer algo quando o celular dela tocou.
Ana atendeu o telefone e, ao ouvir a conversa, ficou imediatamente nervosa:
– O quê? Ok, estou indo agora mesmo.
Ela desligou o telefone e tentou imediatamente sair da cama, mas João a impediu:
Para onde você vai?
Ela respondeu ansiosa:
– Meu filho se meteu em encrenca na escola, tenho que ir até lá!